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Tholoi: as sepulturas da Idade do Cobre

Tholoi: as sepulturas da Idade do Cobre

A arquitectura funerária do Calcolítico (2800-2000 a.C.) encontra uma nova expressão na tholos, uma estrutura mais leve e discreta do que os dólmenes do Neolítico. É um tipo de sepulcro com corredor, cuja câmara se apresenta coberta por falsa cúpula, sob tummulus.

A sua origem está documentada no sudeste espanhol, tendo-se difundido para ocidente até ao Algarve, e daí para Norte até à Estremadura portuguesa, encontrando uma relação com a progressão dos prospectores e metalurgistas do cobre.

Apesar do fenómeno ser inovador, a duração da fase crono-cultural em que se insere e a sua circunscrição a estas regiões também determinou a sua amplitude, não tendo conhecido a projecção dos monumentos megalíticos.

A necrópole mais importante no território português é aquela adjacente ao povoado de Alcalar, na Mexilhoeira Grande (Portimão). Situada no lado setentrional e constituída por 13 sepulcros colectivos dispostos em barreira, fecha o acesso à plataforma.

As tholos assumiram pelo menos 3 técnicas construtivas, uma encontrada em cada região do centro e sul de Portugal. O aparelhamento das pedras das paredes das câmaras das tholoi de Alcalar (Algarve) são feitas em geral de pequenas lajes, formando cúpulas de secção semi-elipsoidal, encontrando paralelo no levante peninsular. Já no Alto e Baixo Alentejo, verificou-se a utilização de grandes ortóstatos líticos, colocados lado a lado. Na Estremadura, blocos de ainda maiores dimensões, de calcário ou arenito, e também excepcionalmente de rochas graníticas, são dispostos na horizontal. A falsa cúpula era já conhecida em território português no âmbito de alguns monumentos megalíticos, como é o caso do dólmen 1 de Vale Rodrigo, em Évora ou da Anta 3 do Amieiro, em Idanha-a-Nova, porém, a sua persistente utilização nos tholos, durante este período afirmou a sua utilidade.

Ainda sobre a sua construção é de relevar que em alguns casos as tholoi foram construídas no local anteriormente ocupado por dólmenes, o que demonstra o valor atribuído ao local para efeitos funerários. Exemplos desta situação verificam-se em Comenda 2 B e Farisoa 1 B, no Alentejo.

O espólio encontrado junto dos tholos advém de duas realidades, uma que ainda se filia no neolítico final e outra já de carácter calcolítico. Em algumas tholoi do Baixo Alentejo encontraram-se placas de xisto gravadas, características do megalitismo desta região, taças carenadas, com e sem “mamilos”, pontas de seta pedunculadas e geométricos. Este conjunto demonstra uma certa continuidade cultural e económica dos artefactos utilitários e simbólicos, porém, os monumentos de Alcalar apresentaram um conjunto de materiais associados a uma organização e estatuto social de certos indivíduos que se demarca da realidade do Neolítico.

No monumento nº3 foram encontrados cinco punhais nervurados, lâminas siliciosas e peças de marfim, associados a deposições individuais. Na Estremadura, o espólio associado a práticas funerárias e à crença no renascimento, consta das “pinhas” e ídolos com face oculada, executados em falanges de equídeo polidas, lisas ou gravadas. Nas Caldas de Monchique, numa das suas necrópoles encontrou-se um machado de cobre puro, não arsenical, embrulhado num pano de linho dobrado em quatro partes. Ainda em contexto funerário, mas que não é respectivo às tholoi, destaca-se o espólio encontrado na gruta do Correio Mor, em Loures, constituído por onze peças, colocadas na zona central do chão primitivo da gruta, de carácter antropomórfico, provavelmente pertencentes a um altar.

Para conhecer presencialmente estes monumentos, na Estremadura destacam-se a tholos do Monge, na serra de Sintra e a tholos em Paimogo, na Lourinhã, e no Algarve, enfatiza-se a importância da necrópole de Alcalar, releva-se a necrópole de Monte Velho, e as tholoi da Eira dos Palheiros e do Cerro do Malhanito, em Alcoutim.

 

CARDOSO, João Luís – Pré-História de Portugal. Documento PDF. Manual de Pré e Proto História. 1º ciclo de estudos em História. Acessível na Plataforma de E-Learning da Universidade Aberta.

 

Imagem: Wikipedia

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