No passado, lá longe, muito longe, não havia escolas. Sério!!! Tudo se aprendia em contexto, mediante as necessidades concretas e com a ajuda do mestre que dedicadamente transmitia os seus conhecimentos. Era uma era em que a educação se integrava numa sistémica visão ecológica de instrução.
Com o passar do tempo, a educação foi ganhando espaço e alguma formalidade. A sua crescente importância obrigou à reflexão para que esta chegasse a um maior número de pessoas, numa visão industrial de transmissão massificada do saber do professor, sobre diferentes matérias, para cabeças vazias. A sua operacionalização ocorreu pela formação de grupos de estudantes, agrupados por idades, perfeitamente alinhados em carteiras e que respondiam ao toque de uma campainha.
As preocupações pela promoção de uma educação de qualidade e a necessidade de acompanhar a evolução da sociedade refletiu-se na concretização de diferentes iniciativas como o programa Minerva, Edutic, Nonio, Internet nas escolas, Ciência Viva, CRIE, desenvolvimento de currículos TIC para o ensino básico e secundário, formação de Professores, preparação de materiais transversais (9º e 10º), apetrechamento das escolas, Mais Superior, Zonas com menos pressão demográfica e ufa, um cem número de outras iniciativas. Estas iniciativas resultaram em algumas mudanças, por vezes redutoras face às expectativas☹
Agora, em tempos de profundas e rápidas mudanças tecnológicas, o uso qualificado de equipamentos digitais em processos educacionais impõe-se e representa uma alternativa para projetar a escola do século XXI. Uma escola na qual os professores, de modo refletido, aproximam-se do mundo dos estudantes, acolhem as suas especificidades, trabalham com os instrumentos e linguagens que caracterizam a identidade da geração digital, desenvolvem um trabalho em rede de socialização e construção de conhecimento e de respeito pelas diferenças locais e planetárias. Participam em eventos globais e regionais, num tempo de novos hábitos culturais, de uso social de tecnologias, para a interação e a constituição de redes de criação conjunta de sabedoria para a vida. Trata-se do tempo para valorizar o trabalho dos docentes enquanto facilitadores de um processo que deixará marcas para sempre na vida dos jovens.
Esta época define o ponto de partida no nível de maturidade institucional face ao uso de equipamentos digitais. A sua subutilização persiste por distintos motivos, que dependem menos da presença da tecnologia na escola e mais dos aspetos político-pedagógicos e adequada formação de docentes. O conhecimento das características e principais propriedades intrínsecas de cada tecnologias, assim como das suas potencialidades pedagógicas e formas de integração curricular, impõe-se.
Esta época molda-se no desenvolvimento de currículos não lineares, de ação e de novas conceções de avaliação, estruturas e modos de pensar a escola.
Evidencia-se a importância da implementação de políticas públicas de educação para impulsionar o uso qualificado das tecnologias digitais na escola. Políticas que contribuam para corrigir narrativas tecnológicas por meio do uso da linguagem da geração digital e no sentido do melhor desempenho dos estudantes de hoje e para o amanhã.
Imagem: giovannacco – foto de uso gratuito Pixabay