A 19 de junho de 1999 foi subscrito, em Bolonha, um acordo por 29 países europeus (incluindo Portugal) com o seguinte objetivo “Estabelecimento até 2010 de um Espaço Europeu de Ensino Superior, coerente, compatível, competitivo e atrativo para estudantes europeus e de países terceiros. Um espaço que promova a coesão europeia através do conhecimento, da mobilidade e da empregabilidade dos diplomados, uma forma de assegurar um melhor desempenho afirmativo da Europa no Mundo”.
A Declaração de Bolonha implicou a adoção de um conjunto de mecanismos que permitem (ou pretendem permitir) assegurar a comparabilidade, a transparência e a legibilidade dos sistemas de ensino no Espaço Europeu de Ensino Superior. Já se passaram quase duas décadas…e ainda há resistências.
Durante este tempo foi possível observar a implementação do processo de Bolonha no plano das formalidades operacionais que se concretizou em 2010, mas há outros planos que resistem, nomeadamente o pedagógico que continua a reclamar atenção!
O Processo de Bolonha prevê fortes implicações nos modelos educativos e métodos pedagógicos a aplicar no ensino superior, aos quais muitos resistem. Prevê ainda, uma profunda alteração do paradigma do ensino centrado no professor para a aprendizagem centrada no estudante, aos quais muitos resistem.
Numa consideração sistémica da educação, a evolução da sociedade digital alarga o foco do processo de aprendizagem para a comunidade em que o estudante se insere e se relaciona, sob estruturas cognitivas individuais e coletivas, aos quais muitos resistem.
O Processo de Bolonha prevê uma transformação dos paradigmas educativos centrados em aulas expositivas, aos quais muitos resistem.
Na realidade, estes modelos educativos dominantes estão desajustados das necessidades dos tempos de hoje e do futuro, a participação ativa dos estudantes no seu próprio desenvolvimento e na escola são fundamentais. Então porquê que ainda há quem resista?
Aprender na sociedade digital é um processo em rede. A promoção da aprendizagem, faz-se pela criação e recriação de estrutura cognitivas que resultam de cenários de comunicação e interação dos estudantes entre si, destes com os docentes, com os diferentes artefactos digitais e com a sociedade em rede.
Para que o papel ativo do estudante se transforme em processos dinâmicos de construção de conhecimento é necessário que este, para além da motivação pessoal, se integre na comunidade digital para uma interação significativa que resulte em narrativas de interpretação individual e coletiva. Os indivíduos aprendem quando integrados em comunidades nas quais o conhecimento é construído através da interação (discurso, ação, negociação). Até quando iremos resistir?