Angola, paremos de olhar para o Ocidente e viremos os holofotes aqui para o lado! Para África do Sul.
Sou Jovem, Mulher, Mãe, profissional e tenho sim uma palavra a dizer sobre como Diversificar as fontes de renda no meu país, olhando aqui para o lado…Para a África do Sul!
Penso que cada um de nós, no seio das famílias e comunidades deve conceber ideias e projectos que possam impactar directamente no futuro do País…Obviamente, por vezes, encontraremos alguma resistência para sermos ouvidos, entretanto é necessário que perseveremos. A propósito passo a citar uma das célebres frases de um dos maiores influancers do mundo que por sinal é do país de que lhe vou falar: a África do Sul!
“Superar a pobreza não é uma tarefa de caridade, é um ato de justiça. Como a escravidão e o apartheid, a pobreza não é natural. É feita pelo homem e pode ser superada e erradicada pelas ações dos seres humanos. Às vezes, cai em uma geração para ser grande. VOCÊ pode ser essa grande geração. Deixe sua grandeza florescer,” Nelson Mandela.
Foi no espírito deste avisado e lapidar pensamento de Madiba, que decidi partilhar este breve arrazoado, onde pretendo mostrar um pouco do país deste homem, cujo centenário foi assinalado no ano passado… e de como Angola poderia beneficiar da experiência desta potência africana.
Pretendo com isto juntar a minha voz ao coro dos apelos que vêm sendo feitos, no sentido de se quebrarem os grilhões que teimosamente, ainda nos ligam à tendência de assimilação acrítica, dos sistemas políticos, económicos e sociais das anteriores potências colonizadoras.
É urgente e imperioso que Angola, longe de quaisquer ressentimentos, deixe ter Portugal, a anterior potência colonizadora, como exclusiva referência e passe a inspirar-se noutros modelos, cujo sucesso e eficácia estão mais do que comprovados. Sem descurar as melhores práticas de gestão internacionais.
A África do Sul é tão somente um país que possui a segunda maior economia de África, depois da Nigéria. 45% dos minérios produzidos em todo continente têm origem neste País. O gigante Africano, acelerou a sua industrialização em 1942 o que resultou num rápido desenvolvimento económico e social.
O país tem na alta finança, energia, comunicações e transportes, o centro nevrálgico do seu desenvolvimento. Só o sector de serviços representa mais ou menos 67% do PIB, a indústria representa 30% (incluindo mineração) e a agricultura 2,4%.
A bolsa de valores de Johannesburg, fundada em 1887, é a segunda mais importante de África e uma das 20 maiores do mundo.
Olhando para o historial do nosso bem sucedido vizinho, faz-nos repensar sobre em que países devemos basear o nosso modelo de gestão e que caminhos traçar para alcançar a utópica “diversificação da nossa economia” e fazer com que o nosso PIB possa ser sustentado por sectores como o turismo, indústria, comunicações e serviços.
Uma breve radiografia do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018/2022 de Angola, permite-nos constactar que o nosso executivo estabeleceu, dentre outras, como metas, o fomento da produção, substituição de importações e diversificação das exportações.
Como fomentar a produção sem antes promover a industrialização? Como reduzir substancialmente as importações, se quase não temos indústrias de transformação? o que exportar?
Creio que há uma visão romântica e algo paternalista sobre o sector agrícola. Sem descurar a importância que o mesmo representa para economia nacional, é importante que não nos esqueçamos que não basta fomenta-lo, precisaremos de linhas de escoamento e de fábricas para transformação dos produtos do campo.
Se basearmos os nossos planos de crescimento em modelos dos países da região, que constituem casos comprovados de sucesso, África do Sul, Botwsana e Ruwanda, só para citar alguns, talvez logremos atingir o tão almejado crescimento, económico, financeiro, turístico e industrial.
Em dezembro de 2017 com a entrada em vigor do acordo de supressão de vistos entre os dois países, abriu-se uma janela de oportunidade para um maior estreitamento das relações entre África do Sul e Angola.
Pretendia-se com isso atrair um maior volume de investimento estrangeiro daquele gigante Africano e membro fundador dos BRICS. É crucial que consigamos materializar estas aspirações é igualmente vital que busquemos neste país o know how e as boas práticas de gestão, se quisermos vingar.
Tive o grato privilégio de visitar a Cidade do Cabo, no início deste ano e no auge da época turística. A cidade dá as boas vindas aos turistas de forma entusiástica.
Fiquei particularmente impressionada pela organização dos serviços e pela pujança e funcionalidade das infra- estruturas rodoviárias, transportes públicos, restauração e segurança pública.
Há uma indesmentível valorização e enaltecimento do simbolismo e da dimensão histórica dos seus pontos turísticos.
Temos um enorme potencial neste quesito, porque não adotar este modelo? Porque razão não valorizamos conveniente a riqueza e diversidade do nosso mosaico cultural e turístico?
Em tempos elegemos as sete maravilhas de Angola, de lá para cá, pouco ou nada se diz ou se faz, a respeito.
Facilmente poderíamos tornar o turismo, como uma importante fonte de arrecadação de receitas. Porém isto pressupõe um prévio investimento nas nossas infra-estruturas, na maior e melhor oferta de bens e serviços públicos e privados. Na reorganização do nosso tecido empresarial, no sério investimento no capital humano, do fomento da indústria, na promoção da boa governação, na atracção do investimento privado, nacional e internacional, na restauração da confiança dos cidadãos em relação ao futuro do País.
Três horas de distância é o que separa Angola e 70 das 100 maiores empresas multinacionais mais rentáveis de África. O que já foi feito, para trazer estes gigantes comerciais para nossa praça? Por favor, meus caros, se quisermos crescer, teremos de eliminar de uma vez por todas, a nossa CRÓNICA MIOPIA….
PS: Autora, fora das pautas do acordo ortográfico.
4 respostas
Grande abordagem com conteúdo reconhecidamente profundo da realidade africana e angolana em particular.
Um bem haja👏👏👏👏🙏🙏🙏🙏👏👏👏👏. Cara Neusa da Silva,
És um orgulho nacional, prossiga nesta senda.
Muito Obrigada Caríssimo Diogo Cristiano
Excelente abordagem cara Neusa .
Parabéns!!
Revejo-me 1000% nesta abordagem, valorizar o que é feito em Angola, muita coisa boa se faz cá. Seja na área de serviços, indústria, turismo, comércio, entre outras.
Trazer as melhores práticas internacionais, mas aplicar à realidade de Angola, na minha opinião o sucesso. E acima de tudo, valorizar os nossos recursos, que são muito bons, sem fazer comparações.