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O machismo como fato social em Émile Durkheim

O machismo como fato social em Émile Durkheim

Posso começar esse artigo pela resposta: o feminismo é um movimento de questionamentos.

Vamos compreender?

Émile Durkheim
foi um sociólogo francês do século XVIII que estabeleceu critérios científicos para compreender a sociedade. Claro que esses critérios não surgiram da noite para o dia. Durkheim, na verdade, aperfeiçoou o pensamento de Auguste Comte, seu compatriota,  que via a sociedade com leis postas e imutáveis, emprestando conceitos de outras Ciências como a Física e Matemática.

Qual foi esse aperfeiçoamento? Durkheim propôs que a sociedade moldava os indivíduos através de três pressupostos coexistentes:

  1. a generalidade (ou seja, o fato precisava atingir a coletividade e não indivíduos),

  2. a coercitividade (o fato precisava causar algum tipo de consequência, se não seguido. Podia ser consequência legal, moral ou ambas),

  3. a exterioridade (o fato precisa ser alheio aos indivíduos, fora destes).

À junção desses pressupostos, Durkheim chamou de Fato Social. O sociólogo ainda disse: só podemos entender o caráter coercitivo de um fato social, se o infringirmos.

Um exemplo: pessoas se casarem na igreja é um fato. A instituição do casamento é um fato social. “Morar junto” (união estável) é a quebra desse fato social, daí a repulsa de alguns recortes sociais por esse tipo de escolha.
Por esse exemplo, podemos já traçar algumas linhas sobre o feminismo:
Ele questiona o fato social “machismo”.

Vamos ver?

O machismo atinge uma coletividade, não só de mulheres. Atinge também ao homem, que não pode chorar, não pode ser vaidoso, porque isso é “coisa de mulher”. É, portanto, geral.

O machismo é coercitivo: a cultura do estupro é a prova disso. A mulher se sente insegura apenas com a presença masculina em locais em que sua vulnerabilidade se acentua. Eu sou um estuprador em potencial.

O machismo é exterior ao indivíduo: não basta eu dizer que não sou machista, eu gero insegurança e medo, mesmo sem querer. Isso só é quebrado com uma aproximação e com o tempo.

O feminismo é um movimento que rompe os fatos sociais, sobretudo na cultura ocidental.

Rompe com o patriarcado fundamentado na cristandade;

Rompe com a ordem econômica;

Rompe com o matrimônio enquanto sacramento;

Rompe com o corpo enquanto templo e tabu (basta ver o lindo trabalho do coletivo @porelass no Instagram ).

Esses rompimentos estão estritamente ligados com o machismo, que é um fato social ligado (mas não limitado) à religião cristã, no caso brasileiro e onde predomina a cultura monoteísta da cristandade. As frases “mulher pra casar”, “ficar pra titia”, “vai ficar solteirona”, “precisa arrumar um homem rico”, comprovam essa coercitividade. Como disse no começo: antes de ser um movimento pela igualdade, o feminismo age em elipse, questionando a superioridade do homem.

Durkheim nunca foi tão atual. Estudá-lo, faz com que passamos a ver o mundo sob a perspectiva feminina e feminista. Dói, porque estamos do lado do “status quo”, e ninguém gosta de ser incomodado no seu sofá do conformismo. Mas é necessário, se quisermos evoluir como seres e como sociedade.

Crédito na imagem: Arte Portuguesa / Paula Rego – As Criadas

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3 respostas

  1. Muito bom! De certa forma torna-se emocionante para nós mulheres ver homens, como você, se posicionando contra esse ato tão violento que é o machismo. Obrigada por contribuir com uma sociedade melhor.

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