Não sei se sou eu, mas…
Enquanto escritor, autor, pessoa que cria, artista das letras, vivo o acto de criar, saboreio a criação, distingo o criado, dou importância – no meu caso – ao livro, história, texto; o que se achar melhor chamar…
Não entendo – não consigo mesmo – aquelas pessoas que desvalorizam o que fazem, o que escrevem, o que criam; ou que, então, tentam passar a ideia de lhes foi fácil – dizendo que são só umas coisas que vão escrevendo – ou que não valorizam em nada o que se fez…
Já tive oportunidade – aqui mesmo – de falar dessa gente que apequena a arte da escrita em detrimento de uma qualquer manobra de sedução: só pode ser, porque de outra forma é estupidez…
Estou certo de que há mais pessoas como eu; pessoas que vivem esta sua faceta artística com a importância que ela deve ter: com verdade. Para mim, tudo o que escrevo, é sofrido, no sentido de trabalhado, pensado, repensado, visto e revisto. Os meus textos não nascem de noite, debaixo da almofada, nem são ditados por uma qualquer musa encantada, são fruto de muito trabalho. Mas isto não os torna melhores ou piores de que outros. Todos sabemos que cada escritor tem o seu método de trabalho, os seus rituais, e que para cada um de nós a “brincadeira” é diferente. Mas estou certo que o verdadeiro escritor não apequena a sua arte; pode ser humilde e modesto, mas jamais dirá que só escreve umas coisas ou fará pouco do seu próprio trabalho.
Outra coisa que um escritor faz é promover o seu trabalho…
Antigamente, quando as coisas eram certas, um escritor escrevia e os editores tratavam do resto; mas agora já não é assim. Por isso, um escritor promove-se e desdobra-se ao fazê-lo. Todos os que o fazem sabem o esforço que implica, e o sacrifício que significa, abdicarem de parte do seu tempo de escrita, e de família, para fazerem essa promoção. E pergunto-me se um escritor que não leva a sério o ser escritor, a sua criação, a obra feita, que não valoriza isso – de facto -, sendo escrever, para eles, só uma coisa que fazem, investirão nessa cruzada da promoção.
Eu creio que não… Mas eles fazem-no!
Por isso, se nunca entendi essa gente que apequena a sua arte – e a dos outros, por consequência -, muito menos entendo aqueles que dizem com todas as letras que não querem ser escritores…
Não me interpretam mal… Todos temos o direito de sermos o que quisermos; e, se eu sou escritor, aceito que outros não o queiram ser. Não é isso que está em causa… O que está em causa é a atitude de um escritor – que sigo – que escreveu dois livros – ambos publicados – e que, em conversa, ao meu discurso sobre as dificuldades e as exigências de ser escritor – tentando, até, dar-lhe algum alento -, responde que não queria ser Escritor; era um autor e que essas coisas não o incomodavam. Bom; cada um é como cada qual… Mas – a mim – pareceu-me arrogância e soberba; típica dos miúdos que ainda não sabem ao que andam… Seja como for, ele ainda aí, em apresentações de livros, divulgando o livro no Instagram, pagando publicidade…
Eu não sei se sou eu, mas… Se isto já não é um comportamento coerente para quem apequena a sua arte, que dizer de alguém que nem sequer se considera o artista?
Imagem de 1shortdesign por Pixabay