

Para iniciar esse artigo, há que se debruçar nas duas conceituações objetos do texto: disforia e woke.
A disforia (em especial a de gênero) se dá quando uma pessoa com incongruência de gênero sofre em seu psicológico a maneira de lidar com tal condição, gerando depressão, ansiedade, isolamento social, entre outros sintomas.
Em outras palavras, é um descontentamento crônico e persistente de uma não conformidade com seu gênero de nascimento. (BROWN, 2023).
Noutro giro, Woke é um termo cunhado no período da segregação racial nos EUA, e significa “acordado, desperto, consciente”.
Outras bandeiras e pautas de minorias e vulneráveis tomaram emprestado o termo, ao longo do tempo, para validar suas ações.
Como sustenta Costa (2024): “O termo woke inicialmente começou por abordar, somente, o conceito de justiça racial, vindo desde o seu surgimento a abranger mais causas que lutavam por uma sociedade não só mais justa e uniforme, mas que também partilhasse os mesmos valores de igualdade”.
Com o tempo, o termo Woke, que até então servia como um slogan positivo para as lutas de gênero e cor, foram ganhando contornos pejorativos e até antagônicos, sobretudo nos embates políticos nos EUA. A matéria do Jornal BBC de 13 de agosto de 2024 traz em seu corpo a definição do dicionário Oxford sobre o termo Woke:
“O próprio dicionário Oxford faz esta distinção. Após a definição, ele acrescenta: “esta palavra é frequentemente empregada com desaprovação por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança”.
Ou seja, os linguistas renomados entendem que, apesar de o termo ter surgido para uma boa causa, seu desgastante uso, ao longo do tempo, baseado em subjetividades e não no rigor científico, fez com que seu emprego gerasse ambiguidade, aversão e contradição.
Usada frequentemente pelos políticos conservadores como algo “nocivo à liberdade de expressão”, a cultura Woke se vê numa cova que ela mesma cavou, qual seja: ao passo que prega a pluralidade de ideias, as ideias precisam coincidir com sua Agenda.
Um exemplo dessa hegemonia de narrativas e conceitos é o silêncio por parte das bandeiras feministas, sobretudo no Brasil, quanto ao crescente número de falsas acusações de violência doméstica. Se a luta realmente fosse pelo fim da violência (todas), elas seriam as primeiras a se posicionar, posto que as falsas acusações ofuscam e deslegitimam as verdadeiras.
É o que se depreende do excerto extraído do Portal Migalhas (2018):
De acordo com os juristas Mariana Cunha de Andrade e Sergio Nojiri — “Alienação parental e o sistema de justiça brasileiro”, existe o mau uso da lei e vem sendo percebido de forma crescente quando mães, em 73% dos casos que ocorrem alienação parental, utiliza a lei como forma de afastar os pais de seus filhos.
SEMIÓTICA SIMBÓLICA, NARRATIVAS ACADEMICISTAS
Outra luta que ganha as redes sociais é o politicamente correto “capacitismo”, que é definido assim: Capacitismo é o preconceito contra as pessoas com deficiência, em que se julga que elas não são capazes ou são inferiores.
Por pessoas com deficiência entende-se aquelas com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. (IFSC, 2024)
Apesar de não ser uma bandeira tão recente, (há cerca de dez anos se discute o termo), ela ganhou força nas redes sociais e sua “cultura do cancelamento”.
A “Agenda Woke”, enquanto hegemoniza o debate numa pseudo-ética pelo uso pejorativo que as pessoas fazem do termo “maluco”, “já tomou seu remedinho hoje?”, “isso é coisa de CAPS (Centro de Apoio Psicossocial), não faz UMA manifestação sequer para o fechamento dos hospitais de custódia, verdadeiros centros de tortura já denunciados em diversos órgãos e instâncias dos Direitos Humanos, relegando essa luta para o ativismo prisional, apenas.
IDENTIDADE THERIAN, A REAL DISFORIA MINIMIZADA PELA PAUTA PROGRESSISTA DO “É LIVRE TODA FORMA DE SER”:
De acordo com Gimenes (2017), Therian é uma pessoa que se identifica com um animal, buscando ao máximo ter o comportamento e aparência destes. Os corpos podem se identificar como lobos, cavalos, golfinhos, cachorros, entre outros.
Ora, não há na literatura científica séria e já sedimentada que tal disforia seja normalizada, simplesmente porque a Agenda Woke assim o deseja.


Por mais que a agenda progressista da esquerda queira brincar de pseudociência para corroborar com sua agenda Woke, ela vai esbarrar na Biologia, Antropologia, Química, Física, ou seja, fatos comprovados pelo método científico: humano é humano, quati é quati.
CONCLUSÃO
Ou fazemos um debate sério, responsável e desapaixonado dessas disforias ou vamos jogar fora décadas e décadas de lutas sérias por minorias e vulneráveis. Esse artigo é uma provocação, na verdade o que se pretende é lançar luz para o discernimento do que seja uma pauta relevante, que pode trazer consequências jurídicas, biopsicossociais e de enfrentamento às violências daquilo que a Agenda Woke pretende massificar sem nenhum senso crítico, de forma ditatorial.
REFERÊNCIAS
BBC, 2024. O que é ‘woke’ e por que termo gera batalha cultural e política nos EUA Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cy4y82w737do>. Acesso em 30. dez. 2024.
BROWN, R. G. 2023. Incongruência de gênero e disforia de gênero. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/incongru%C3%AAncia-de-g%C3%AAnero-e-disforia-de-g%C3%AAnero/incongru%C3%AAncia-de-g%C3%AAnero-e-disforia-de-g%C3%AAnero>. Acesso em 30.dez.2024.
COSTA, D. O impacto da cultura woke e do politicamente correto nas artes. ISCAP Politécnico, Porto. 2024.
GIMENES, L. M. O NOME DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PELA GARANTIA DE SUA DIGNIDADE. Universidade Federal de Uberlândia, 2017.
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2024. O que é capacitismo e como podemos combatê-lo? Disponível em: <https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/o-que-e-capacitismo-e-como-podemos-combate-lo-#:~:text=Este%20termo%20%C3%A9%20recente%20no,que%20a%20imp%C3%B5e%20essas%20restri%C3%A7%C3%B5es?%22>. Acesso em 30.dez.2024.
TRIPODE, F. 2018. Denúncias falsas de abuso sexual e uso indevido da Lei Maria da Penha. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/depeso/291023/denuncias-falsas-de-abuso-sexual-e-uso-indevido-da-lei-maria-da-penha>. Acesso em 30.dez.2024.