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Reflexão sobre Sustentabilidade Expandida

Reflexão sobre Sustentabilidade Expandida

Até o momento consideramos por meio de conceitos, um olhar diferenciado sobre a forma de pensar o mundo e as relações humanas. Nenhuma verdade inovadora foi explanada, apenas reflexões sobre o olhar que se lança ao objeto de estudo. Este treino do olhar ainda será o objetivo deste artigo, mas de maneira mais pragmática, que será compreender as leituras do mundo do amanhã que acontece agora.

O futuro chegou e coexiste concomitantemente com o presente. Todas as ações e tomadas de decisão positivadas e não-positivadas no hoje, para a busca de soluções ou avanços de qualquer natureza, tem seus reflexos exponenciais no futuro a médio e longo prazos.

Esta é uma percepção complexa até para olhos treinados. O convite para este novo olhar, se expande no tempo e no espaço. Todos os enfrentamentos que travamos no agora, são resultados de ações do passado, que muito provavelmente os resultados já estão definidos no futuro, caso o indivíduo não interfira para uma mudança real. O ontem, o hoje e o amanhã são considerados como único processo atemporal do presente.

Exemplifiquemos: A Revolução das Máquinas ou Revolução Industrial teve seu início na segunda metade do século XVIII, mais precisamente em 1698, na Inglaterra, com o surgimento da primeira máquina a vapor criada por Thomas Newcomen. De lá para cá, houveram inúmeras novas criações, transformações e adaptações destas máquinas (LANDES, 1998, p. 208). Entendendo genericamente por máquinas, instrumentos pensados que, por meio estímulos a uma ação, facilita/viabiliza o trabalho do homem.

Atualmente, é inegável a presença dos mais variados tipos de máquinas em nosso cotidiano, de geladeiras, automóveis a computadores. A lista é infinita, não pelo fato de ser impossível mensurá-las, antes e até, em razão da contínua criação de novas máquinas pelo homem. E é esta continuidade que permite a todos um vislumbre do futuro, quem sabe utópico, onde a AI – Inteligência Artificial, marcará grande presença no cotidiano da humanidade.

Artificial Intelligence ou simplesmente AI, se define como uma constelação de tecnologias – de machine learning a processamento de linguagem natural – que permite que máquinas sintam, compreendam, atuem e aprendam (DOUGHERTY, 2019). Destaca-se Klaus Schwab, Fundador e Presidente Executivo do Fórum Econômico Mundial e autor de A Quarta Revolução Industrial, em sua percepção, que o homem e a máquina estarão unidos em um futuro próximo.

Todo este tecido sobre a criação e incorporação das máquinas no período histórico, serviu para exemplificar que toda citação ao homem durante a história, em 1698, 2020 e o de 2100, são o mesmo indivíduo que, com o surgimento das máquinas, mudou significativamente seu modo de produção e comportamento social. Percebemos que o tempo tem pouca ou nenhuma relevância para este ‘homem’ dentro de um contexto histórico. E é este o olhar necessário para este objeto de estudo, que é o Desenvolvimento Sustentável, quando se diz que o amanhã acontece agora.

Além da percepção atemporal do ser humano em seu papel na construção social, outro olhar deve ser treinado para, se não a total compreensão, no mínimo a percepção da existência de uma ideia complexa. É referenciado neste momento a ideia de Sustentabilidade Expandida, magistralmente considerada pelo Prof. Alaor Caffé (2019) na coleção de artigos do livro Direito Ambiental e Sustentabilidade.

Inicialmente o Prof. A. Caffé estabelece a diferença entre sustentabilidade e sustentação, onde esta é considerada como um ciclo natural que todos (espaços, processos e fenômenos) compartilham uma linha de vida que chama de ‘elástica’, e que surge, evoluí, equilibra-se e fenece em processo natural. As ações já nascentes para sustentabilidade, elaboradas pela atual sociedade, por terem um caráter isolado, são ações internas e não em uma perspectiva externa, o que leva a sustentação e não a verdadeira sustentabilidade tão almejada.

Conseguir conceituar a visão externa destacada pelo Prof. A. Caffé de maneira simples e concisa, se tornou um desafio léxico a ultrapassar. Em nossa língua portuguesa as regras são bem definidas para construção fonética e gramatical. De forma que, traduzir todo o arcabouço considerado e qual engloba o Prof. A. Caffé, em conceito definido por síntese, sucumbiria no mais próximo que se tentou construir, de uma compreensão de pleonasmos. O melhor fracasso para o conceito sucinto de sustentabilidade expandida, seria a expressão ‘sustentabilidade da sustentabilidade’. Ambas as palavras não possuem o mesmo significado na construção da frase, e tão pouco se comportam justapostas como reforço a uma ideia, como dita a regra gramatical.

O conceito da verdadeira sustentabilidade é complexo e sem definição reduzida. Em representação metafórica para distanciar o olhar interno do externo apenas, tomemos a sociedade mundial que esteja se correspondendo efetivamente, em um futuro ideal. A sustentabilidade é compartilhada e efetivada dentro do âmbito interno colaborativo, mútuo e de convívio. A imagem abaixo traduz, grosso modo, esta inter-relação.

 

A perspectiva externa, se mantém ao longe, ‘vendo’ todas as relações sustentáveis como uma única relação sustentável, medindo e propondo mudanças quanto ao global, e não dentro de cada linha de correspondência mútua, que são as abordagens internas sustentáveis.

A linha em destaque laranja, evidencia uma espécie de falha de execução da ‘sustentabilidade da sustentabilidade’, conforme visão externa. O Brasil, em exemplo fictício, nos seus projetos que sendo sustentáveis, busca solucionar os problemas junto ao país que se liga. Em perspectiva interna, não consegue resolver certos embargos, mesmo estando cumprindo princípios alinhados e sua constituição tal qual o outro país. Mas permanecem sem solução nos diálogos, quer por conflitos de interesses, quer por colisão de direitos.

Visto ao longe, em uma perspectiva expandida, a correspondente ação é um assunto global. Todos os demais países participam da solução do problema em uma perspectiva externa. O controle do cumprimento aos tratados é acompanhado, por medidas internacionais, via relatórios que ofereçam conhecimento se estão sendo acolhidos e respeitados em ambas nações.

E para a garantia da sustentabilidade externa, firmada em uma organização internacional tutelada juridicamente, acolhe-se, até mesmo uma substituição a constituição nacional, quando esta se mostra deficiente ou inexistente. A Organização Internacional não tem um caráter mandatório e impositivo. As mudanças são abordadas dentro dos preceitos diplomáticos internacionais, que induzem a um ajustamento de conduta global.

Por mais arbitrário que isto pareça, principalmente aos povos colonizados que carregam o efeito negativo de restrições internacionais, vale ressaltar que a base de tais imposições fora outrora em atendimento ao mercado de capital por exploração de recursos, e não à garantia para as futuras gerações, a sobrevivência da humanidade e uso consciente e limitado dos recursos naturais como se delineia.

Mas será isto realmente exequível? Não se trata de uma utopia filosófica conceitual? A que distancia estamos desta condição? Como acreditar que tal organização internacional não será apenas uma nova forma de colonização para exploração dos mais variados recursos existentes em nações economicamente menos favorecidas?

Estas e serão questões tratadas no próximo artigo.

 

Bibliografia

Foto de destaque de domínio: Association of Executive Search and Leadership Consultants, encontrada no endereço eletrônico: www.aesc.org/insights/magazine/article/distraction-disruption-and-global-economy .

Sustentabilidade Expandida. Crítica Social dos Limites do Direito, da Ética e do Estado e Reflexos na Política de Meio Ambiente. CAFFÉ, Alaôr Alves, em Direito ambiental e sustentabilidade/ editores PHILIPPI, Arlindo Jr.; FREITAS, Vladimir Passos, SPÍNOLA, Ana Luísa Silva. –. Barueri, SP: Ed. Manole, 2016.

Humano + Máquina [recurso eletrônico]: Reinventando o Trabalho na Era da IA. DOUGHER, Paul R., WILSON, H. James, tradução de Wendy Campos. Rio de Janeiro. Ed. Alta Books. 2019.

A Riqueza e a Pobreza das Nações, Por que algumas são tão ricas e algumas são tão pobres. LANDES, David S. Rio de Janeiro. Ed. Elsevier. 1998 – 11ª reimpressão.

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2 respostas

    1. Obrigada meu filho!
      Está nova percepção de um mundo mais conciente e solidário precisa ser levada o mais longe possível, mas sem deixar os que amamos distantes!
      “Pensar globalmente e agir localmente!” – está é com certeza a proposta!
      Fico muito feliz que tenha atingido seu coração!
      Com todo amor que houver nesta vida, pq te amo do tamanho do mundo todo!

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