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Desflorestação – causas, consequências e correlações indevidas.

Desflorestação – causas, consequências e correlações indevidas.

A floresta corresponde à ocupação de uma superfície geográfica por uma elevada taxa de arborização, naturalmente organizada e em equilíbrio com o restante ecossistema. A alteração da sua expressão denomina-se de desflorestação. É sobre as causas, as consequências para a atmosfera, biodiversidade e solos, que se debruçará este texto.

Causas

Assim, a desflorestação é uma forma de alteração biofísica desse território que, actualmente, ou deriva de causas naturais que destroem o coberto vegetal, ou de actos antropogénicos cujo objectivo é alterar o aproveitamento desse espaço, empregando veículos, maquinaria e outros equipamentos concebidos para o efeito. Dada a importância ecológica e económica da floresta, o processo de desflorestação implica custos materiais e monetários, perdas biológicas, alterações geomorfológicas, hidrológicas e climáticas, e obtenção de lucros a médio ou longo prazo. No tocante às causas humanas, dependendo das características dos solos e das políticas territoriais, às florestas substituem-se campos agrícolas, parques industriais, zonas urbanas, sítios de exploração madeireira ou espaços abertos com fins por definir.

Consequências para a atmosfera

As preocupações ambientais das políticas nacionais e internacionais da actualidade incidem sobre os efeitos irreversíveis que a desflorestação inconsequente e mal planeada está a causar não só às áreas onde decorre, mas globalmente.
As apreensões relativas ao clima existem porque se conhece o desempenho da floresta na manutenção do equilíbrio químico da atmosfera. Este equilíbrio, por sua vez, concorre para a existência de vida no Planeta. É a função fotossintética das plantas que absorve e retém o carbono, um constituinte do dióxido de carbono (gás de efeito de estufa) cujo volume de emissão tem estado criticamente a aumentar sobretudo pela combustão de combustíveis fósseis e por processos industriais. A floresta não é o mecanismo principal de transformação do carbono em oxigénio, são as plantas marinhas existentes nos 75 metros superiores dos oceanos, cujo desempenho é superior a 90% nesta acção. Apesar deste esforço a temperatura detectada nos 75 metros superiores dos oceanos é superior 0,5 graus Celsius ao que era à 50 anos atrás. Consideremos, por um momento, a energia que tem sido necessária para aquecer a bruta massa de água salgada que cobre o planteta em meio grau.
Ainda neste contexto atmosférico, convém salientar que os incêndios florestais também são foco de preocupação, sobretudo nos países mais susceptíveis, de que são exemplo os do Mediterrâneo, onde a secura do Verão promove a perda de vapor de água contida na vegetação e faz escassear a água, e onde a dificuldade de combate aos incêndios também se impõe pela geomorfologia, que dificulta a expansão da rede viária e de corta fogos.

Correlações indevidas entre desflorestação, aquecimento global e desenvolvimento industrial

Quando se fala do aumento crítico das emissões de gases de estufa, geralmente correlacionamos o facto com o desmatamento da superfície terrestre, e com o desenvolvimento industrial de países como a China ou a Índia, porém, esta são falsas acepções, já desmistificadas por cientistas e investigadores. Quanto ao primeiro caso, a evidências dos factos actuais demonstram que a densidade florestal tem estado a recuperar em diversas regiões, conforme se pode verificar na plataforma da Global Forest Resource Assessment e nos gráficos da plataforma World In Data, contudo, a um ritmo lento e progressivo. Naturalmente que, se não se implementarem medidas que refreiem a desflorestação, e se a tendência do aumento da libertação de CO2 para a atmosfera continuar, este superará a capacidade contributiva do coberto florestal para o reter, ficando na atmosfera e continuando a promover o aquecimento da temperatura média do clima global.

No segundo caso, a falácia residiu numa perspectiva errónea que correlacionava a dimensão do território com as emissões de CO2 e não a emissão per capita. Entre outras obras que se poderiam citar, pode-se observar na obra “Factfulness – Factualidade” (ou na plataforma da Gapminder) que os países principalmente responsáveis pela maior taxa de emissões por pessoa em 2018, foram aqueles onde os rendimentos são mais elevados. Em 2018, os Estados Unidos da América registaram emissões de CO2 de 16,6 toneladas per capita, os Estados Árabes Unidos registaram um volume de 21.4, o Qatar de 38, o Kuwait de 23.7, o Luxemburgo de 15,9 e Singapura de 7.1, apenas para nomear alguns. No entanto, a Índia registou emissões de 1,96 toneladas per capita e a China de 7,6. Isto leva-nos a rever a correlação entre processos industriais e a sua correlação com as emissões de CO2.

Consequências para a biodiversidade

No tocante ao impacto da desflorestação na biodiversidade, as inquietações reflectem-se na perda dos vários tipos de controlo biofísico que a floresta exerce sobre o ambiente. A floresta contribui para a biodiversidade criando microclimas, regulando a temperatura, a humidade e diminuindo a velocidade do vento e a erosão (ex.: acção do Pinhal de Leiria), protegendo os solos e mantendo-os produtivos. A floresta constitui ainda o habitat para muitos tipos de flora e fauna, que, por seu turno, contribuem para a variedade e durabilidade do ambiente local e áreas enquadrantes.


Consequências para o solo

Perante a existência de floresta os solos estão seguros contra a erosão dado que o coberto vegetal diminui o efeito de splash (que se traduz no impacto das gotas de chuva), bem como a erosão hídrica, erosão dos fios de água decorrentes da precipitação e ainda sem um escoamento organizado em cursos de água. Além disso, as raízes das árvores fixam os solos nas vertentes e dificultam o seu arrastamento. Por outro lado, os solos desprotegidos são arrastados pela escorrência até aos cursos de água, que depois transportam esses sedimentos até às barragens ou até ao litoral. Este afluxo excessivo de sedimentos pode mudar completamente a paisagem de uma região, por provocar uma modificação radical do seu uso.

Conclusão

Pelas suas múltiplas funções inatas e pela informação que encerra sobre a evolução das condições climáticas, geomorfológicas, hidrológicas e de intervenção humana, se devem preservar e estudar o coberto florestal, dado que a informação tem sido a ferramenta mais eficaz para a sobrevivência humana.

Bibliografia

  • Pereira, A. R. (2002) – 4. Exemplos de Mudanças biofísicas no uso do território: a desflorestação. In Geografia Física e Ambiente (P.99-111). Portugal: Universidade Aberta.
  • Rosling, H. (2020). Factfulness – Factualidade (5ª ed.). Lisboa: Portugal: Temas e Debates, Círculo de Leitores.

Webgrafia

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