Não podemos conhecer absolutamente Deus nem a ciência. A desproporcionalidade da grandeza de ambos frente a nossa possibilidade de manipular os dados para sua compreensão, nos impede. (Nem com o auxílio tecnológico que aumentou exponencialmente esta capacidade.) Espacial e temporalmente somos muito limitados, e por mais que a ciência possa e se vá registrando em documentos para vencer o tempo, e vá criando modelos que busquem as razões e inter-relações que possam haver; para poder seguir caminho além do tempo e do espaço onde se tenha galgado, atingindo com este avanço, novo horizonte, indo mais fundo do que poderia ir sem a palavra escrita, porque, sem registro, desconheceríamos o que os outros tinham alcançado até ali, bem como o que se deva fazer para ir além daquele estado do saber, da pesquisa, em que se encontre a ciência num dado momento, podendo, por esta via cumulativa do que se sabe, se tornar imensa, com sucessivas descobertas, com sempre novas pesquisas, porém o universo de suas inquietações é ainda maior, e as engole, as limita, as relativiza, porque raramente chegamos sequer a perceber o todo, devido a sua extensão e desvios, derivações e imbricamentos que apresenta, quanto mais conhecê-lo, e ainda menos entendê-lo em sua totalidade. Só a palavra escrita [uma banalidade hoje que todo mundo tem caneta e papel] pode nos levar a ultrapassar a dispersão do saber, o que, por outro lado, nos lançou nesse poço sem fundo da ciência, permitindo-nos ir sempre mais além.
Esse universo com que lidamos na ciência é sem fim, por isso o designo como infinito científico, onde todas as perguntas nos levam a mais questões, a mais perguntas, sempre mais, a nunca acabar. Essa a maravilha da ciência, em que só uma dúvida persistente, sua indagação permanente, por ter o questionar por ofício, pode levar a que muita coisa fosse e seja descoberta, e outras tantas reveladas.
Uma vez que nunca termina a busca, essa deve ter método, forma, sequência, e continuidade, numa lógica progressiva. Rios de tinta discutem estes fatores [deixemos à praxis e à epistemologia, antes de mais e entre outras abordagens, o cuidar deste assunto), e concentremo-nos aqui na sua infinitude, qualidade da ciência que nos leva a outra dimensão filosófica, quase religiosa. Em Deus essa qualidade nos levou a abandonar seu aspecto filosófico, e a criar muitíssimas outras ligações para explicarmos esta relação que confrontamos, com a descoberta da imensidão das dúvidas, onde Ele é sempre resposta, as religiões, onde há doutrina, dever e reverência; e onde nunca se põem de acordo umas com as outras, em doutrinas desiguais, incomporovadas e improváveis. Infinidades que devem ser apreciadas em sua razão, cada qual, por ser esta a própria prova, sua própria filosofia afinal. A ciência também tem doutrina, exige deveres para com ela, e impõe reverência ante a tão portentoso edifício que construiu ao longo de sua evolução.
Infinito da ciência.
– O infinito da ciência reside na beleza renovada de sua dúvida.
Ao longo de toda a experiência humana ficou provado que os questionamentos da ciência levam sempre, com suas respostas e comprovações, a outras perguntas e dúvidas, não se encontrando fim para eles. Tudo seria, como disse, impossível sem a palavra escrita, porque se descobririam as mesmas coisas muitas e muitas vezes, e nunca se alcançaria um estágio de