NÃO SABER PARAR É sua grande capacidade desbravadora, sua grande capacidade investigativa, quando a cada resposta surge uma nova pergunta. É sua grande capacidade criativa e criadora, sua indústria, seu engenho, sua arte. Todavia é também sua maior desgraça, sua fantasia divina, “QUERER SER DEUS”, E ACREDITAR-SE, quando na verdade, mergulhado na matéria, está sujeito às limitações desta: UM PLANETA FINITO, COM RECURSOS FINITOS, QUE SÓ PODERÁ ALIMENTAR UMA POPULAÇÃO ATÉ CERTO NÚMERO, LOGO, FINITA, e que não quiz dar atenção verdadeira a esta sua condição, tendo criado um modelo econômico expansionista, portanto que se supõe infinito (*). E este é o grande equívoco da Humanidade, NÃO SABER PARAR.
E para saber parar, a primeira coisa que se tem de fazer é pensar e agir globalmente, para determinar, como, quando e em que ponto, onde se deve parar. Tendo ultrapassado já muitas de suas balizas, pois já vivemos, e cada vez mais, do futuro. Veja: Se você tem, um numero qualquer, digamos 5, 5 qualquer coisa, para gastar a cada ano, e gasta 10, se você vai viver 100 anos, sendo-lhe dado então 500, para distribuir pelos seus anos de vida, o que dá 5 a cada ano, ao gastar 10 você está encurtando sua vida em 50 anos, para a metade do que seria possível se você respeitasse a cota anual. Entretanto como a Humanidade NÃO SABE PARAR, todos os anos o ‘overshootday’, o dia em que ultrapassamos nossas possibilidades de uso dos recursos naturais, chega mais cedo, roubando um dia ou dois às gerações futuras, que se também não pararem, irão esgotar o planeta – e, como não há Planeta B…
A sobrecarga da Terra é de tal ordem que já atingimos esse limite no meio do ano, pois estamos mantendo um nível de consumo 75% maior do que aquele que o Planeta pode suportar. Não poderemos continuar a estar a usar 1,75 planetas durante muito tempo. Pergunto: Até quando pretendemos manter essa loucura? (Leia o artigo Overshoot day e as possíveis cativações de 2/8/2017.)
Como vamos nisso há 52 anos, porque o planeta está em déficit desde 1970, e apesar de sabermos disso, continuamos nossa marcha inverossímel em direção ao abismo com o pé no acelerador, como se não houvesse o precipício; posto que neste meio século é cada vez mais cedo que consumimos os recursos disponíveis, parece que vamos mesmo nos atirar despenhadeiro abaixo para a morte certa, sem que nada seja feito para o evitar. Por mais fortes, absurdas, ou reveladoras que sejam as afirmações, todas com base científica, sobre a nossa continuada loucura, ela prossegue inexoravelmente em direção à destruição da Humanidade. (Muitos que me lêem dirão: ‘Lá vem esse ‘idiota’ com essa história, adoraria ser, adoraria estar errado.
Por outro lado, desse processo de destruição e abuso contínuo, resultaram várias outras coisas:
- A Crise ecológica que, como a ciência vem demonstrando, extingue milhares de espécies, limita os recursos do mar, e poluiu cada centímetro do planeta.
- A Emergência Climática, que vem matando milhões de seres vivos, inclusive humanos, e segue destruindo imensas áreas do planeta, sem que os governos entendam que têm de PARAR!
3. A libertação de muitos organismos que viviam em áreas, florestas, bosques, pântanos, lagos, etc… que nós destruímos, fazendo com que esses micro-organismos nos viessem causar doenças de todo tipo. E, AVISO, estamos apenas no começo das pandemias que nos irão atacar! Serão sempre mais e mais frequentes, Fico-me por citar apenas três das muitas desgraças que criamos POR NÃO SABERMOS PARAR.
A DETERMINANTE ECONÔMICA SEM “SENTIMENTOS MORAIS”.
Assim como está descrito no conceito da mão invisível de Adam Smith, onde os mercados se auto-regulariam automaticamente, como se houvesse efetivamente uma mão invisível que a tudo ordenasse e tornasse regulado, a economia se tornou de mercado por acreditar que os mercados se regulariam. Hoje sabemos que são os “mercados” os vilões, posto que, nesta busca pela estabilidade, como bem notou Adam Smith que se daria, deu-se, mas prosseguiu além das balizas, e prosseguem como rolo compressor, sem alcançar nunca uma estabilidade, porque o homem em sua ganância NÃO SABE PARAR. A ganância, a ambição, que são boas para impulsionarem o desenvolvimento e o empreendedorismo das pessoas, é má porque, como com qualquer número, por maior que seja, sempre podemos referir um ainda maior, e a vontade de progredir e enriquecer, como os números, admite ser sempre maior. POR NÃO SABERMOS PARAR, só por isso. E nessa determinante reside toda a fonte de nossa desgraça.
Da economia ambiental.
A economia ambiental, essa mão invisível que regula a existência de tudo que é vivo, exatamente como no sonho de Adam Smith de um mercado auto-regulador, onde as diversas necessidades são a matriz da auto-regulação, que, no balanço final, equilibrariam todo o sistema, mantendo-o saudável e próspero, só é possível porque cada um dos organismos que compõem o “mercado” ambiental, a grande teia da vida, homem excluído, a que estabelece a economia do meio ambiente, não tem ambições além da de suprirem suas necessidades vitais, e eventualmente alguma reserva para momentos menos favoráveis, depois disso param. Ninguém encontra na Natureza seres demasiado obesos, nem que acumulem o que não irão necessitar, ou que possuam o que não necessitam, ou que matem pelo prazer de matar, tudo na Natureza está sujeito às necessidades, nunca excedendo essas, por isso há equilíbrio. PORQUE SABEM PARAR.
Nós que copiamos praticamente tudo da Natureza, porque não copiamos sua economia?
Enquanto não aprendermos que estamos sujeitos a limites, e que sua ultrapassagem gera morte, de outros seres na maioria das vezes, muitas vezes em terras distantes, e antes da globalização não era tão evidente esse reflexo assassino e destruidor, como agora, mas que, como tudo está ligado, frequentemente acontece, e, hoje vemos, seu efeito boomerang está a voltar para nos atingir, estamos cada vez mais perto desta situação de confronto com as forças destrutivas que criamos ou libertamos. E, como NÃO SABEMOS PARAR, continuamos nossas ações danosas. E ninguém é imputado.
Foto domínio público, by Imagem de Gerd Altmann por Pixabay