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Desenvolvimento Sustentável: uma breve exposição de caso

Desenvolvimento Sustentável: uma breve exposição de caso

Abordaremos neste trabalho um tema levantado por um leitor, manifestado no artigo anterior quando das análises das relações diretas das dimensões que compõe a Gestão por Desenvolvimento Sustentável. A participação fomentada, pelas reflexões e questionamentos, discordância ou ratificação dos conteúdos elaborados, é a motricidade para a busca e encontro de soluções viáveis de um mundo melhor e mais justo.

Neste sentido, em correspondência e interação dos muito pensares, recebi o seguinte retorno do senhor A.S. de Portugal:

“Ler o seu artigo é um acto filosofico e cientifico de alto gabarito. O conteúdo é cientificamente evoluído, é espetacular… mas o meu conhecimento de gestão de hotelaria não permite, por limitação visionária, ter capacidade para opinar cientificamente… mas como vulgar cidadão tenho que concordar que é espetacular, talvez de difícil execução prática nesta sociedade de consumo e que nada respeita… ou seja é sempre aplicável.. mas por exemplo em Portugal ainda não há uma perfeita dimensão ao nível de toda a população da sustentabilidade do planeta.” (Grifo nosso).

Antes de tudo, ratifico que venho defendendo veementemente ao longo deste trabalho sobre Desenvolvimento Sustentável, exclusivo do Jornal A Pátria, a relevância do processo de educação de Paulo Freire. Este educador defendeu que tanto quem ensina como quem está na posição de aprender ou receber o conhecimento são transformados durante o ato da educação.

Ainda que aqui não esteja professora, mesmo buscando estimular a busca pelo conhecimento comprometido com a verdade, participo do processo educacional de transformação por meio das minhas experiencias em correspondência com o outro e o mundo. Como propositora de um “novo saber” dialogado com a diversidade, ‘buscamos’ (todos e só faz sentido se for assim) um pensar humanizado acerca do futuro da sociedade no planeta.

É processo simbiótico esta educação em que se aprende ao ensinar, ao mesmo tempo que se ensina ao aprender. E esta relação, conjunta e construída, não se resume na simples troca de conhecimento. Há de existir a construção de um novo saber revolucionário para os indivíduos que ao ampliar sua percepção o emancipa e liberta.

Este conhecimento, trocado e transformado em saberes, viabiliza o progredir estimulando a correspondência com o mundo que nos problematiza e nos questiona em resposta. Estimulados pela consciência crítica nos tornamos autônomos, ainda que em um mundo automatizado.

E para que haja a garantia da liberdade e correspondência no processo educacional, Paulo Freire ressalta: “Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém” (FREIRE, p.67). Esta frase é maestrina! A autonomia é o resultado de um processo educacional de interação entre o indivíduo, seus pares e o mundo.

É, portanto, o processo de educação, uma ação de foro íntimo e individual, que capacita a quem ensina a ser uma ferramenta que viabiliza a reflexão ao mesmo tempo que se transforma. Assim sendo e sintetizando a resposta para a capacidade em opinar, creio que acabamos por nos educar aos moldes freirianos neste exato ato de correspondência!

Sendo assim, cumprimento-vos com a saudação que apenas em nossa língua, a portuguesa, é capaz de expressar em um nível mais profundo na escala dos níveis de gratidão, segundo o tratado da Gratidão de São Tomas de Aquino. O primeiro nível mais superficial é do intelectual, do cerebral, do cognitivo do reconhecimento. Em inglês ou alemão se diz “thank you” e “zu danken” respectivamente.

No nível médio, o de dar graças a alguém por aquilo que se fez por nós. A maior parte das línguas europeias usam este nível. “Merci” em francês que quer dizer dar uma mercê ou graça por aquilo que me trouxe, o que me deu. “Gracias” em espanhol ou “grazie” em italiano é dar-lhe uma graça por aquilo que me deu e é neste sentido que estou grato.

Mas o terceiro nível e mais profundo de agradecimento é o que cria vínculo. É o nível de sentirmos vinculados e comprometidos com as pessoas. Nós dizemos “obrigado” que quer dizer isto mesmo! Fico-vos obrigado, fico obrigado perante vós, fico vinculado e comprometido a um diálogo, agradecendo-vos. (Retirado do discurso de encerramento de Antônio Nóvoa, III Encontro PIBID UNESPAR – 2014).

E é neste sentido de criar vínculo que vos respondo comprometida com o diálogo aberto e as reflexões por cada leitor levantados. Obrigada A. S. por trazer a hotelaria à baila estimulando o pensar em soluções para a aplicação da Gestão por Desenvolvimento Sustentável.

A possibilidade de considerar esta área, como outras tantas, ao longo dos materiais a serem apresentados é o que nos tornará, a todos, capazes de analisar a eficiência e eficácia das considerações apresentadas. O que nos leva a segunda parte do comentário: “hotelaria” e “execução nesta sociedade de consumo”.

Em seu livro o Horror Econômico, Viviane Forrester relata: “a origem do perigo não é tanto a situação – ela podia ser modificada -, mas mais precisamente a nossa aquiescência cega, a resignação geral face ao que nos apresentam em bloco como inelutável” (FORRESTER, p. 51).

E com estas palavras que convido a abordagem, ainda que breve e superficial, da prática da Gestão por Desenvolvimento Sustentável no serviço de hotelaria. Justifico que o que segue é um exemplo tosco de um trabalho que, devendo ser elaborado seriamente, conterá um arcabouço de abordagens e situações pertinentes.

Como assim também justifico a apresentação que se segue, que de longe não corresponde a um projeto. O propósito aqui e de estimular rascunho didático para o pensar, é demonstrar a executabilidade da proposta de gestão no setor hoteleiro. Então vamos a prática, em como é possível praticar a Gestão por Desenvolvimento Sustentável em vossa área.

Tema: Gestão por Desenvolvimento Sustentável no setor hoteleiro.

Problema de pesquisa: como aplicar a Gestão por Desenvolvimento Sustentável ao setor de hotelaria?

Objetivo Geral: Pontuar ferramentas administrativas à hotelaria.

Objetivos específicos: Propor cenário exequível para a mudança de comportamento e, definir critérios de execução práticos ainda que em uma sociedade de consumo com a Gestão por Desenvolvimento Sustentável – GDS.

Metodologia: A complexidade por Morin (PANASIEXICZ e BAPTISTA).

Para Morin, a realidade deve ser compreendida em sua complexidade, em sua dinamicidade. Ele parte de três princípios básicos: a dialogia, a recursividade e o princípio hologramático.

A dialogia procura unir o que está separado (mito e ciência, subjetivo e objetivo, arte e ciência), mas não fazendo desaparecer a singularidade; A recursividade afirma que os efeitos podem ser também causa e produtores de outros efeitos e causas (a violência que tem causas econômicas pode gerar novas formas de produção); E o princípio hologramático mostra que o todo está na parte e a parte no todo, mas o todo não é necessariamente a soma das partes, podendo ser maior ou menor (uma célula contém todas as informações, o código de uma pessoa).

Exposta a escolha da abordagem metodológica, tratar-se-á de demonstração das práticas sustentáveis atualmente do setor hoteleiro, percebendo as que coadunam com boas práticas de governança e sustentabilidade e que ofereçam melhoria de capital financeiro.

Observação: embora defendida a ideia que marchamos para relações mais solidárias, justas e iguais entres as pessoas, não há na Gestão por Desenvolvimento Sustentável (GDS) que ignorar a força e importância do mercado de capital ou capital econômico. As organizações só existem atualmente com um único objetivo que é o lucro. Não discutiremos a moralidade econômica ou suas causas. A proposta da GDS absorve o que existe dentro da perspectiva de um processo de mudança ou quebra de paradigma mundial.

Referencial Teórico

Contextualização de acordo com o vasto material encontrado na área de sustentabilidade e de gestão administrativa.

Justificativa

O setor hoteleiro é responsável por grande parte, quando não somente ele, da economia das regiões em todo planeta. Ligado diretamente ao turismo, quer cultural, quer de recreação, quer de negócios, está sempre aprimorar a oferta dos melhores serviços e experiencias para os seus clientes. Contudo, face a atual mudança de paradigma social que passamos, há a necessidade de encontrar formas sustentáveis para sua perpetuação deste nicho de negócios para além de aumento da apuração financeira de resultados. (uma síntese. No projeto há de fazer referências bibliográficas).

Escopo

É importante nesta etapa entender que verdadeira Gestão por Desenvolvimento Sustentável vai muito além de adequação as leis e exigências jurídicas. É uma completa mudança no comportamento da administração e na cultura interna da empresa. Há a necessidade de ajustamento para a promoção de crescimento das quatro dimensões conjuntamente.

Definir o escopo deste projeto é uma parte fundamental e precisa ser bem formulada. Convém explicar o que é o GDS – Gestão por Desenvolvimento Sustentável e sua importância. Oferecer dados para comparação e análise (financeira e marketing), etc., para que o projeto seja bem executado. (ver mais sobre ‘o triangulo de ferro – escopo, custo e tempo’ – PMBOK®)[1].

Dimensão Ambiental – O objetivo é a inalterabilidade do meio ambiente, bem como a recuperação de espaços degradados.

O que fazer? (A primeira parte dos 5W2H).

Aumento da permeabilidade do solo; Reciclagem dos resíduos solos; Tratamento da água não-potável; Energia limpa; Reciclagem do lixo orgânico, compostagem; Utilização de produtos biodegradáveis ou que não ofereçam alteração ao meio ambiente.

Dimensão Cultural – Esta dimensão carrega o arcabouço de todos os saberes humanos, incluindo a educação social.

O que fazer?

Visitas guiadas de escolas para observação e conhecimento dos processos renováveis e sustentáveis; Estímulo a pesquisa, desenvolvimento e inovação para soluções sustentáveis dos serviços por meio de prémios aos estudantes; Estimular e apoiar a cultura local, reforçando internamente e externamente a arquitetura urbana na qual está inserida Facilitar o acesso e divulgar a cultura local; Preservar o patrimônio material e imaterial desenvolvido e a desenvolver.

Dimensão econômica – Esta dimensão trata do crescimento de capital, ainda nos moldes da economia de mercado.

O que fazer?

Gestão financeira.

Dimensão social – Esta dimensão tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida do ser humano em todo o planeta. Contudo, para não conflitar com as demais dimensões que são diretamente desenvolvidas pela ação humana, aqui entende-se especificamente atendimento aos direitos humanos e as necessidades substantivas (Amarthya Sen).

O que fazer?

A Carta Universal dos Direitos Humanos de 1948 que ainda vigora. Conhecer seus trinta artigos orientará para a elaboração desta dimensão. Pelo seu tamanho, é trazido apenas o acesso ao documento que está disponível na bibliografia. Com base nestes princípios é possível uma infinidade de ações para a garantia da vida humana. O importante é fazer, e não apenas abster-se do que é proibido ou não aplicável ao entendimento das leis e normas.

Orientação para a aplicação

Desenvolver ações positivadas dentro das relações, diretas e indiretas, estabelecidas entre as dimensões. Para cada ação haverá um projeto. Ratificando: os projetos tem início e fim. Executada uma ação pela Gestão por Desenvolvimento Sustentável, haverá a apreciação de outro e assim por diante.

Análise dos dados.

A Gestão por Desenvolvimento Sustentável está baseada principalmente nas teorias da administração existentes. As ferramentas de gestão, 5W3H, SWOT, KABAN, os mais diversos diagramas, gráficos e tabelas, continuam aplicáveis. Ainda poderá ser uma administração familiar, por associação limitada ou de participação aberta. O objetivo é assimilar internamente que a responsabilidade pelo futuro da existência da humanidade e do planeta, como o conhecemos, dependem de todas as organizações públicas ou privadas nas mais diversas formas.

Conclusão

Como dito no início, este não foi tema específico para a hotelaria. Estando muito longe em ser executado passo-a-passo, é antes uma demonstração prática, para uma prática constante. A educação continuada e multidisciplinar é permanente para os gestores de agora e do futuro. Há necessidade de estudo para executar a GPS e desenvolve-la.

Particularmente sou muito otimista quando olho para daqui 25, 50 ou 100 anos à frente. Mas não é um trabalho fácil. A época da tecnicidade está passando e, já estamos sentindo isto ao sermos cobrados em várias áreas do conhecimento. Precisamos nos educar em correspondência com o mundo, dialogando com a diversidade, abandonar a vaidade que a vida humana que interessa é esta que estamos vivos.

Estamos na história do mundo há muito tempo e continuaremos por muito mais tempo. Estes 70 ou 80 anos que participamos e, agora, deixamos nosso registro deve ser marcado como agentes de transformação. Este é o objetivo da vida. Deixar para o mundo, para os que vem, nossa releitura deste mundo, assim como nos foi deixado pelos que se foram.

Sugestão para a reflexão: MINI-CURSO: Como superar os limites internos | Prof. Lúcia Helena Galvão de Nova Acrópole. (https://www.youtube.com/watch?v=Vnc0TX6Vias&list=PLJPRf6d-M2ghrTfFEAaS28MB7IifOhs6B&index=89&t=0s)

BIBLIOGRAFIA

FORRESTER,Viviane, Horror Económico, Lisboa, Terramar, 1997.

Rev. bras. educ. med. vol.39 no.3 Rio de Janeiro July/Sept. 2015, https://doi.org/10.1590/1981-52712015v39n3e02062014, consultado em 22/08/2020, as 00:06h.

PANASIEXICZ, Roberlei e BAPTISTA, Paulo N., A ciência e seus métodos os diversos métodos de pesquisa a relação entre tema, problema e método de pesquisa, FUMEC virtual, Belo Horizonte, 2013.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pdf, consultado em 22/08/2020, às 00:14h

SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

NÁVOA, António Sampaio. Discurso proferido no III encontro PIDBID UNISPAR – 2014. Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=QaRKmBO5CEs

[1] O PMBOK® é um guia, um conjunto de conceitos, ferramentas e técnicas que descrevem o “ciclo de vida” de um projeto e podem ser usadas em qualquer ambiente. Nele são descritas normas, técnicas, métodos e processos consolidados por várias empresas com anos de experiência, fornecendo conhecimento para uma gestão estratégica e eficaz. Estas práticas visam aproveitar ao máximo os recursos humanos, capitais, tecnológicos e técnicos à disposição do empreendedor. Ele já se encontra na sexta edição e, basicamente, reúne as melhores práticas de conhecimentos em gerenciamento de projetos em 5 grandes grupos divididos em 10 áreas de conhecimento, com 49 processos que devem ser estruturados no total. Leia mais em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/pmbok

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