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A Poluição do Plástico

A Poluição do Plástico

A poluição do plástico é um dos maiores desafios ambientais que enfrentamos atualmente, tendo sido um dos motes para o Dia Mundial do Meio Ambiente assinalado no passado dia 5 de junho. Muito se tem falado no impacto que a poluição do plástico tem no meio ambiente. Hoje, dia 8 de junho, assinala-se o Dia Mundial dos Oceanos e é do conhecimento de todos que a contaminação dos mares e oceanos com resíduos plásticos é hoje uma realidade incontornável.

O plástico é um produto barato, maleável e facilmente transformável sendo também conhecido por ser um material resistente e com elevada durabilidade. O plástico é uma matéria-prima muito útil para o Homem e nos dias que correm possui uma infinidade de aplicações nos vários sectores da sociedade. Porém o uso continuado e desmensurado de plásticos tem-se revelado catastrófico à escala mundial e representa uma séria ameaça para todos os ecossistemas marinhos.

A poluição do plástico nos mares e oceanos é um problema global, mas o seu impacto tem-se feito sentir mais em algumas zonas costeiras de países Asiáticos e no sul da Austrália. Os países que têm contribuído mais significativamente para este tipo de poluição através da libertação de resíduos de plástico e seus derivados nos ecossistemas aquáticos são a China, a Indonésia, as Filipinas, o Vietname e a Tailândia. Estes países libertam anualmente mais de 15 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Nas últimas semanas tem vindo a ser divulgada a situação dramática vivida na Ilha de Bali na Indonésia e na ilha de Burocay das Filipinas. Estas ilhas recebem anualmente milhões de turistas e possuem gravíssimos problemas ambientais sendo a poluição do plástico um dos mais impactantes. A situação é tão grave que o Presidente das Filipinas se viu obrigado a considerar o possível encerramento temporário das estâncias balneares da Ilha de Burocay. Níveis tão altos de poluição têm inevitavelmente consequências muito graves para os ecossistemas costeiros e marinhos envolventes. Por estes dias foi ainda noticiada a morte de uma baleia que foi encontrada doente num canal da Tailândia. Apesar dos esforços das autoridades locais para ajudar o animal não foi possível evitar a sua morte. Estima-se que a baleia tenha ingerido 80 sacos de plástico, ou seja, cerca de 8 kg de plástico, o que a impossibilitou de se alimentar. Este é apenas um caso verídico, pois é sabido que os peixes, os mamíferos e tantos outros animais aquáticos confundem os pedaços de plástico presentes na água com alimentos, ingerem-nos e acabam por morrer sufocados. Ao longo das últimas décadas, as espécies marinhas têm vindo a acumular alguns dos componentes químicos dos plásticos nos seus tecidos, os quais vão sendo introduzidos na cadeia alimentar e de predador em predador acabam por chegar ao consumidor final, o Homem.

A dependência humana do plástico tem de ser drasticamente reduzida. Um dos problemas mais evidentes está na solução que damos ao plástico produzido. Uma parte muito significativa dos materiais e produtos de plástico que usamos hoje em dia é deitada fora sem o devido tratamento. Dada a dimensão atingida pela poluição do plástico, alguns países Asiáticos começam a ponderar a implementação de medidas que permitam reduzir o uso excessivo destes materiais e assim reduzir significativamente os resíduos produzidos e libertados no meio ambiente. Na Europa já existem algumas medidas que promovem a redução do uso do plástico. Uma das medidas mais mediáticas que inicialmente não foi muito compreendida pela população foi a introdução de uma taxa por cada saco de plástico adquirido. Com esta medida a maioria dos estabelecimentos comerciais deixou de disponibilizar gratuitamente sacos de plástico, o que forçou os consumidores a reduzir o seu uso e a adotar medidas mais sustentáveis. Mas não chega, é preciso ir muito além disto. É importante continuar a sensibilizar as populações para a separação do plástico e sua reciclagem. É fundamental implementar e promover medidas para a redução do uso de plásticos no setor industrial. É necessário encontrar alternativas mais sustentáveis. Tendo em vista os objetivos da Agenda 2030, a Comissão Europeia quer reduzir significativamente, e se possível eliminar, o uso de embalagens de plástico descartáveis e restringir a utilização de microplásticos. Medidas para alterar a rotulagem de plásticos biodegradáveis e para reduzir drasticamente a deposição de lixo no mar já estão a ser equacionadas. Fará sentido a imposição de uma tara nas embalagens de plásticos para incentivar/forçar os consumidores e entregarem as suas embalagens de plástico vazias à semelhança do que já foi feito para as garrafas de vidro? A comunidade científica possui aqui um papel determinante pois pode e deve contribuir com a progressão e disseminação do conhecimento de modo a encontrar alternativas mais sustentáveis e soluções para os vários problemas existentes. Minimizar o impacto da poluição do plástico nos ecossistemas marinhos e na vida humana tem de ser uma prioridade. É urgente agir!

Recentemente realizou-se na cidade do Porto a 12ª Mostra Nacional de Ciência que reuniu centenas de alunos, mais de 60 professores e 44 estabelecimentos de ensino. Nesta edição o grupo vencedor apresentou um projecto intitulado “Bioplástico dá-te vida” que pretende reduzir o desperdício alimentar proveniente do sector da restauração, mais concretamente dos excedentes de arroz cozido para a produção de (bio)plásticos. Iniciativas como esta são fundamentais para promover a reflexão das gerações mais jovens sobre os problemas que enfrentamos atualmente e em simultâneo desenvolver a capacidade de inovar e empreender.

Termino esta reflexão com a citação do ex-secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon: “Temos que garantir que os oceanos continuam a satisfazer as nossas necessidades sem comprometer as das gerações futuras. Os oceanos regulam o clima do planeta e são uma importante fonte de alimentação. A sua superfície proporciona caminhos indispensáveis para o comércio global, enquanto que as suas profundezas mantêm soluções atuais e futuras para as necessidades energéticas da humanidade.”

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