O artigo a seguir é de autoria de André Oliveira, Bruno Gouveia e Zuber Shabir, alunos de licenciatura em Turismo da Universidade Europeia, Faculdade de Turismo e Hotelaria. A coordenação é da professora Anabela Monteiro.
Apresentamos o Dark Tourism, as suas diversas tipologias, as principais características do perfil do seu participante e as motivações que levam os mesmos a procurarem locais associados com a morte. E falaremos da história, por muitos portugueses desconhecida, do Serial Killer de Lisboa, Diogo Alves, o último condenado à morte em Portugal. É importante salientar que na procura de material de estudo sobre o Dark Tourism, é notória a falta de informação relacionada com os mercados turísticos em termos de classificar o perfil do Dark Tourist e principalmente estatísticas relacionadas com o mesmo, não apenas de carácter nacional, o que já seria previsível, mas também internacional.
Integrando o Dark Tourism no conceito geral do Turismo e na sua evolução, em que as motivações e os destinos preferenciais dos turistas têm vindo a mudar ao longo dos anos, para atividades inseridas numa nova oferta, mais complexa e invulgar, percebe-se que o Dark Tourism está incluído nestas novas atividades e em expansão, com forte potencial de crescimento, nomeadamente se associado a outras ofertas temáticas. O Dark Tourism define-se como sendo um fenómeno que abrange a apresentação e o consumo (pelos visitantes) do conceito de “morte” e locais de desastres.
Considerado por alguns autores como uma das mais antigas formas de turismo, “desde que as pessoas são capazes de viajar, que têm sido atraídas – intencionalmente ou não – para lugares, atrações ou eventos que estão de uma forma ou de outra, relacionados com a morte, o sofrimento, a violência e o desastre” (Stone, 2005), a procura por locais e experiências relacionadas com a morte, remontam para a época da Idade Média e do Período Romântico, em que alguns exemplos de Dark Tourism eram locais sagrados, como os Coliseus dos jogos gladiadores romanos, as execuções públicas do período medieval ou a antiga cidade de Pompeie.
No entanto outros autores encaram o Dark Tourism como um fenómeno relativamente “moderno”, com início no século XX, principalmente na última década, muito em parte devido ao facto de se ter demonstrado um aumento do interesse mostrado em estudar e explorar o Dark Tourism, maioritariamente, pelas áreas académicas de viagens e turismo, lazer e hospitalidade, e pelos media.
Apesar do Dark Tourism ter começado a ganhar maior atenção por parte dos investigadores na década de 90, mas ainda não existe um consenso em relação à conceitualização e designação do termo, aliás foram dadas outras designações ao longo dos tempos, tais como, “Black Spot”, “Thanatourism”, “Atrocity Tourism” e “Morbid Tourism”. Quando reconhecido como fenómeno, diversos países fizeram esforços para rentabilizar o Dark Tourism na sua oferta turística, implementando estruturas para suportar esta nova oferta, justificando assim o facto de este tipo de turismo ter um papel bastante importante na economia e na imagem de alguns destinos turísticos. Estes locais por vezes remotos, em locais isolados permitem o desenvolvimento económico e muitas vezes adjacentemente o progresso a diversos níveis.
O Dark Tourism tem também o importante papel de diversificar a oferta e promover destinos turísticos, apresentando-se assim como uma forma de inovar o sector do turismo capaz de proporcionar experiências fora do habitual e únicas, apostando em novas características, novos locais, novos eventos e capaz de dar uma resposta à procura das novas motivações do turista contemporâneo, um turista de expectativas. Cada vez mais se verifica que agências de viagens e turismo tendem a disponibilizar pacotes e informação relacionada com o Dark Tourism, sendo este um facto bastante relevante e positivo para um maior desenvolvimento desta área.
Considera-se que o Dark Tourism tem tipologias específicas e diferentes dependendo da motivação de cada visitante, entre Turismo de Guerra, Turismo de Desastres, Turismo de Prisões, Turismo de Cemitérios, Turismo de Fantasmas e Turismo de Holocausto. Os destinos considerados como locais de Dark Tourism têm diferentes categorias podendo ser locais perigosos, casas de terror, campos de fatalidade, visitas e locais temáticos. Inseridos nestas categorias destacam-se alguns exemplos, como, museus, cemitérios, prisões, memoriais, favelas, campos de concentração, cenários de guerra, atentados ou outros lugares de tragédia.
À medida que este tema se foi desenvolvendo, surgiram novos estudos que afirmam que o Dark Tourism não está apenas ligado a acontecimentos mórbidos, trágicos e relacionados com sofrimento, mas que pode também ser considerado como uma mistura de vários subtemas, dependendo dos interesses de quem o estuda, incluindo história, psicologia, literatura, entre outros temas, salientando que o principal foco são as ciências sociais, particularmente vocacionadas para a morte.
Estas afirmações têm impacto direto na investigação dos Mercados turísticos do Dark Tourism, influenciando as motivações de quem o pratica e consequentemente as características dos indivíduos que o realizam, as tipologias e as categorias que definem o Dark Tourism.
Existem duas vertentes acerca do comportamento da sociedade perante o conceito de “morte”, por um lado existe o sentimento de medo da “morte”, e por outro, o facto de se querer saber mais sobre este conceito. Estas vertentes são também importantes na investigação e na descrição dos Mercados turísticos, pois com isto, o Dark Tourism veio contradizer este comportamento permitindo às pessoas que contemplem e confrontem a sua própria mortalidade, sendo esta a base para se praticar este tipo de turismo.
Para se poder descrever o perfil do Dark Tourist, há primeiro que entender o que o move e o que faz querer praticar o Dark Tourism, ou seja as suas motivações As motivações representam as forças internas individuais que levam à ação (Schiffman & Kanuk, 1997), e quando os turistas viajam, procuram ver satisfeitas estas motivações. As pesquisas realizadas incidiram sobre as motivações que levam o consumidor a procurar produtos relacionados com a morte, ainda que esta motivação para visitar locais de turismo escuro seja uma área pouco estudada.
De acordo com a literatura existente, foi realizada uma otimização do modelo conceptual que integra 14 dimensões de motivação de procura do Dark Tourism:
(i) Identidade e herança, quando ao visitar os locais/atrações, os turistas procuram a sua própria identidade/herança nos mesmos)
(ii) Históricas;
(iii) Culpa;
(iv) Curiosidade (das motivações mais significativas, a curiosidade de ver um sítio onde outrora houve um trágico acontecimento);
(v) Sociais;
(vi) Nostalgia e lembrança
(vii) Educacionais e emocionais
(viii) Memória;
(ix) Artefactos;
(x) Sacralização;
(xi) Culturais;
(xii) Novidade;
(xiii) Autenticação;
(xiv) Aventura.
Após esta otimização, considerou-se crucial destacar outras motivações que muito contribuem para a definição deste tipo de turista:
(i) Conceito de Morte
(ii) Fatores push and pull
(iii)Património
(iv) Pós-modernismo – as gerações dependentes dos media têm dificuldade em separar a realidade e, por isso, sentem satisfação com a simulação e a repetição de acontecimentos outrora ocorridos;
(v) Os outros interessados nestas práticas podem estar simplesmente interessados na procura por novidade, mudança de rotina, escape, emoção, e a redução do tédio sentido.
Posteriormente ao estudo das motivações e do conceito de Dark Tourism foi possível constatar que o Dark Tourist não segue um perfil específico para que se possa generalizar. No entanto, por norma, quem procura este tipo de turismo possui um elevado nível cultural, uma vez que, na maioria, as suas atrações são locais simbólicos. O que se depreende da análise bibliográfica é que a forte aposta deste turismo deveria ser direcionada para um potencial turista com grau académico elevado, com este tipo de interesses, atraído pelo conhecimento e descoberta, atento aos detalhes e com bastante curiosidade no que respeita a locais sombrios e seu contexto histórico.
De acordo com outras pesquisas e estatísticas, é importante mencionar também que os turistas são essencialmente jovens e adultos/casados.
De acordo com esta ideologia foram definidos 7 tipos de fornecedores de Dark Tourism, assumidos como prestadores de um serviço. São estes, Fábricas de diversão sombrias, Exibições sombrias, Masmorras/Calabouços sombrios, “Locais de descanso” sombrios, “Santuários” sombrios, Locais de “conflitos” sombrios e Campos de extermínio/genocídio sombrios, para além destes, o Dark Tourism oferece também duas experiências específicas e distintas, a emocional e a educacional, que estão em concordância com as motivações e que fornecem atividades terapêuticas.
A oferta de atrações enquadradas no Dark Tourism está a aumentar, e a isso contribui a afluência crescente a locais emblemáticos, incentivada pelo desapego ao lar e à família, ao aumento da mobilidade e rendimento disponível, e à saturação dos tradicionais destinos turísticos e das modalidades praticadas, tudo isto resultou num crescimento de formas alternativas de turismo, nomeadamente do Dark Tourism.
Foi efetuada uma investigação e consequente análise a produtos sombrios/negros, oferecidos por outros países, passamos a apresentar alguns:
Villisca Axe Murder House em Villisca, Iowa
Em 1912, Josiah Moore, a sua família, e dois convidados foram assassinados por um homem com um machado. A identidade do assassino permanece desconhecida, mas diz a lenda que as vítimas ainda andam pelos corredores, lenda essa que é apoiada por numerosos investigadores paranormais que têm provas fotográficas, áudio e vídeo de atividade paranormal. É possível visitar a casa durante o dia ou à noite, mas a verdadeira atração é passar a noite na casa.
Jack the Reaper Tour em Londres, Inglaterra
A paixão por acompanhar os passos de assassinos horríveis não é apenas uma coisa americana. Jack, o Estripador, um dos mais famosos assassinos em série em todo o mundo, tem algumas empresas de turismo, a sustentar o seu legado atualmente. Este tour particular usa o que se chama de “Reaper-vision” para dar uma nova perspetiva aos visitantes. A ferramenta mortalmente nomeada é um projetor portátil que contém imagens e clipes de filme para inserir o visitante de volta a Londres do final dos anos 1880. Uma “Ripperologista” leva os mesmos às ruas de WhiteChapel (nas mesmas ruas o Estripador teria levado) e ilumina as teorias da conspiração dos casos por resolver do Jack o Estripador.
Devil & the White City H. H. Holmes tour em Chicago, Illinois
H. H. Holmes é considerado o primeiro assassino em série nos Estados Unidos da América. Holmes começou a cometer crimes em 1893, durante a feira mundial. Ele era uma pessoa privada e particular, características de assassinos em série e cometeu os homicídios num lugar que foi apelidado de “Castelo dos assassinatos”. Este local está atualmente em ruínas, mas o Devil & the White City Tour leva os visitantes para o que resta do mesmo, bem como aos lugares onde Holmes escolhia as suas vítimas.
A história do Serial Killer de Lisboa
O serial Killer de Lisboa, Diogo Alves. Diogo nasceu em Espanha, na região da Galiza no ano de 1810, mudou se para lisboa por volta de 1820/1830 sendo que não existem dados concretos. Já em Lisboa, conheceu uma taberneira chamada Gertrudes Maria que se crê ser a principal incitadora dos crimes cometidos por ele. Estes crimes começaram no ano de 1836, e na altura Diogo Alves criou um “gangue” e deu início à sua vaga de homicídios. Diogo aproveitava o facto de o Aqueduto das Águas Livres ser utilizado como passagem, de uma zona da cidade de Lisboa para outra, e assaltava as pessoas que por lá passassem, mas não se limitava a assaltar. Diogo Alves atirava as vítimas do aqueduto de uma altura de mais 60 metros, acredita-se que este assassinou mais de 70 pessoas nesse local.
Com estas mortes, e o país mergulhado numa crise profunda, a população começou a ter receio, e começou a ficar descontente. Inicialmente as autoridades tinham chegado à conclusão de que seria uma onda de suicídios, visto que a situação e qualidade de vida das pessoas não era a melhor devido à crise, e como tal decidiu-se fechar o Aqueduto em 1837, o que levou Diogo Alves a mudar o seu método e começar a atacar as pessoas nas suas casas.
Depois de um assalto onde Diogo Alves torturou e matou a esposa e os dois filhos de um conhecido médico, onde foi visto por testemunhas, o Serial Killer foi apanhado pelas autoridades. Para complementar a acusação, foi ainda denunciado por um dos membros do seu “gangue”, e por isso condenado à morte.
No dia 19 de fevereiro de 1841, Diogo Alves foi executado na forca, em plena praça pública no cais do Rio Tejo, foi a última pessoa a ser condenada à morte em Portugal. (uns meses depois foi abolida). Depois de este ser executado, alguns cientistas requereram a sua cabeça, de maneira a estudar o cérebro e os comportamentos de Diogo Alves, então cortaram a sua cabeça e preservaram a mesma em formol num frasco de vidro. Atualmente a cabeça continua preservada, e está exposta na Faculdade de Medicina em Lisboa.
O Aqueduto das Águas Livres mandado construir entre 1731 e 1799, por determinação régia, (pelo Rei D. João V), foi o primeiro sistema de abastecimento regular à cidade de Lisboa. O Aqueduto das Águas Livres constituiu um vasto sistema de captação e transporte de água, por via gravítica. Classificado como Monumento Nacional desde 1910 é considerado uma obra notável da engenharia hidráulica, mede em toda a sua extensão 58 km. O trajeto escolhido coincidia, em linhas gerais, com o percurso do antigo aqueduto romano. A sua construção só foi possível graças a um imposto denominado Real de Água, lançado sobre bens essenciais como o azeite, o vinho e a carne. Foi retirado do sistema de abastecimento em 1967 e é uma das mais notáveis obras de sempre da engenharia hidráulica.
A concretização desta obra implicou o recurso às nascentes de água das Águas Livres integradas na bacia hidrográfica da serra de Sintra, na zona de Belas, a noroeste de Lisboa. A sua construção só foi possível graças a um imposto denominado Real de Água, lançado sobre bens essenciais como o azeite, o vinho e a carne. O sistema, que resistiu ao terramoto de 1755, é composto por:
-Um troço principal, de 14 km de extensão, com início na Mãe de Água Velha, em Belas, e final no reservatório da Mãe de Água das Amoreiras, em Lisboa;
-Vários troços secundários destinados a transportar a água de cerca de 60 nascentes
-Cinco galerias para abastecimento de cerca de 30 chafarizes da capital
No total, o sistema do Aqueduto das Águas Livres, dentro e fora de Lisboa, atingia cerca de 58 km de extensão em meados do século XIX, tendo as suas águas deixado de ser aproveitadas para consumo humano a partir da década de 60, do século XX.
E este foi o local escolhido por Diogo Alves para os seus crimes.
O Dark Tourism tem um papel bastante importante na economia de alguns países como já foi mencionado anteriormente, visto que este é a principal aposta em termos turísticos e a maior fonte de rendimento de algumas localidades.
Este segmento do turismo tem um peso muito elevado quando falamos dos seus impactos sociais positivos e negativos, pois o Dark Tourism possui certas particularidades que causam impactos sociais próprios nas comunidades anfitriãs. Nem sempre as vítimas de desastres naturais aceitam os turistas (que testemunham a sua tristeza), e as empresas de viagens e tours (que lucram com as suas perdas), e um caso exemplar disso é a reação dos moradores de um bairro de Nova Orleãs, nos Estados Unidos da América, gravemente afetado pelo furacão Katrina. O negócio das empresas de Tours na região cresceu após este desastre, e a procura por passeios nas principais áreas afetadas aumentou drasticamente.
Apesar da imposição de leis e proibições com intuito de não dificultar as limpezas nos locais, os passeios não terminaram criando assim um mau estar entre os residentes e sugerindo uma considerável falta de respeito para com o sofrimento dos mesmos. Analisando este caso pode-se afirmar que o desrespeito para com o sofrimento de vítimas de desastres naturais é considerado um impacto negativo do Dark Tourism na sociedade, no entanto o impacto destes passeios dependem muito de como são geridos pois também podem ter aspetos positivos, por exemplo, caso a população local esteja envolvida na forma como a Tour é realizada, tenha controlo sobre o produto turístico, e os lucros tenham como propósito rejuvenescer a comunidade e apoiar o seu desenvolvimento sustentável a longo prazo.
Com isto conclui-se que dar à comunidade anfitriã uma participação mais ativa nos negócios de Dark Tourism é considerado um impacto social positivo (e que consequentemente origina outros impactos também positivos).
Outro caso de estudo que ajuda a entender as consequências do Dark Tourism na sociedade, é o Reality Tours & Travel, uma empresa de Tours pelos bairros sociais/”favelas” de Mumbai, Índia que tem recebido um feedback em grande parte positivo por parte da comunidade, devido ao seu trabalho. A organização executa passeios com um máximo de 6 pessoas, tendo uma política “no-camera” e investe 80% do seu lucro na comunidade. A partir deste exemplo, conclui-se que a promoção e a utilização de boas práticas nos negócios relacionados com este tipo de turismo são um impacto social positivo.
Relativamente ainda a este caso de estudo, inicialmente o Reality Tours & Travel não foi bem aceite por todos os residentes, mas após a empresa ter consciencializado os mesmos dos seus propósitos, dissipar a imagem negativa que muitos têm sobre os bairros sociais/”favelas”, bem como investir os rendimentos na comunidade e fazer entender o turismo sombrio no contexto da sociedade em que vivemos hoje, a relação melhorou, ou seja a comunicação e a consciencialização das comunidades anfitriãs sobre os objetivos e intenções dos negócios de Dark Tourism são também um impacto social positivo.
Uma das principais limitações deste estudo é a sensibilidade no caráter de um destino turístico que atende ao Dark Tourism, em alguns casos são destinos com histórias sombrias que prejudicaram emocionalmente a população e que ainda são marcantes na mesma. Estes destinos são espaços onde os moradores não são separados dos turistas e muitas vezes, as pessoas locais de várias idades são expostas aos conteúdos ditos pelos guias turísticos aos turistas, conteúdos estes que por vezes não são de todo favoráveis ou reais, e a população acaba por ouvir partes da sua própria história analisada, e muitas vezes criticada.
Esta é uma situação complicada, pois manter o orgulho local é importante para uma boa relação entre moradores-turistas. O risco de uma análise injusta ou incompleta de eventos tanto pode acontecer com os moradores locais, como com os turistas. Os moradores podem- se sentir erradamente retratados, aumentando ainda mais o sentimento de conflito e divergência para com os turistas e reagir de alguma forma contra eles. Os turistas, por sua vez, podem ser psicologicamente influenciados pelo que ouvem de uma forma negativa, o que pode diminuir a sua satisfação.
Com isto conclui-se que, o facto de existirem guias turísticos e gestores de negócios com pouca formação na área do Dark Tourism tem impactos negativos na sociedade de um destino, e ainda que, a falta de informação acerca das histórias sombrias dos destinos é também um impacto social negativo, pois turistas mais bem informados podem resultar numa boa relação entre moradores-turistas.
Definir os impactos do Dark Tourism é um assunto complexo, porque este tipo de turismo nem sempre é prejudicial, mas nem sempre é útil. Para evitar isto, é importante que os visitantes façam sempre o seu “trabalho de casa” antes de visitar algum local de Dark Tourism, entendendo o contexto desses locais em que se vão inserir e como a sua presença pode ter várias interpretações pela população local.
Finalmente, esta pesquisa pode ser considerada como uma continuidade de Liu (2003) em como o Dark Tourism pode corresponder: (1) a uma procura turística de autenticidade; (2) a um tipo de turismo que não afeta negativamente a cultura dos moradores, mas em vez disso é partilhada com os visitantes; (3) a um tipo de turismo que beneficia diretamente os prestadores de serviços; (4) a um tipo de turismo que oferece atividades turísticas relacionadas com o mesmo, sendo essa a razão pela qual os destinos são visitados.
Durante a investigação deste trabalho, foi percetível que devido ao crescimento e ao aumento da afluência ao Dark Tourism, é necessário realizarem-se mais estudos acerca do mesmo, de maneira a que seja um tipo de turismo mais bem concebido e que permita uma solidez, principalmente, económica e social nos destinos turísticos, e realizarem-se mais investimentos em recurso de forma a explorar o aprofundamento deste novo fenómeno do Turismo e desenvolver o mesmo. Entende-se que devido à saturação dos tradicionais destinos e modalidades praticadas, este incomum tipo de Turismo, revolucionou o sector turístico e a oferta de experiências novas e únicas têm vindo a aumentar. Considera-se, também, o Dark Tourism, em termos éticos bastante importante para a humanidade, visto que acaba por “educar” a sociedade para que muitos dos eventos sombrios não se repitam.
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