Há pouco tempo atrás passei por uma experiência que me fez reconsiderar o motivo para estar vivo.
Acredito não ser a única pessoa no mundo ou nas organizações que recorrentemente passa pela experiência de esquecer-se que o dia de hoje pode ser o último.
Mais do que nunca pergunto-me: “porque estou vivo, porque estou aqui?” E: “se morrer hoje, o que quero que lembrem de mim?”
Quer seja nas empresas, nas organizações, na vida, o esquecimento da mortalidade é um factor que deve ou pode ser trabalhado.
No contexto profissional falamos na reforma, no contexto pessoal, a materialização do fim é ainda mais irrevogável.
A vontade de ser eterno é tão natural quanto a incapacidade de vermos o ar que respiramos, sabendo que ele existe.
A existência de um fim deve levar-nos a criar as condições para que, quando esse fim chegar, e ele chegará, possamos dizer, pensar, suspirar: “vai o homem/mulher, fica a obra.”
Gostaria de ser eterno porque acredito que haverá sempre obras que gostaria de criar. Quantos livros, poemas, artigos, contos ou ensaios escreverei antes de partir sem voltar? Quantas aulas ficarão por leccionar? Quantos sorrisos ficarão por partilhar?
Talvez por ser optimista, acredito que no fim estarei feliz, mas cansado. Quero que o fim me encontre esgotado, porque a obra que falará por mim, quando eu não mais puder, terá em si, tudo o que eu gostaria de deixar.