Algumas palavras ao findar de 2022

Chegamos ao fim de 2022 com a sensação de que faltou espaço para celebrar as trajetórias de gente sábia e sensível como Bell Hooks (1952-2021), Desmond Tutu (1931-2021), Elza Soares (1930-2022), Betty Davis (1944-2022), Lygia Fagundes Telles (1918-2022), Jean-Luc Godard (1930-2022), e de outras pessoas que nos deixaram nos últimos meses.

Temos um Melhor Filme do Ano? (Um texto enquanto despedida subjetiva – ao menos, por enquanto)

Nas mais de três horas de duração de “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”, o espectador não tem tempo para ficar entediado: o filme é tecnicamente irrepreensível e fascinante em suas pulsões genéricas assaz exageradas. As intervenções musicais são acachapantes e os momentos de embate são estrondosos: o filme é superlativo em termos fotográficos, sonoros, directivos, actanciais e discursivos (vide o modo imponente como a bandeira indiana surge, em mais de uma seqüência). Os efeitos visuais são esplêndidos – havendo um aviso inicial de que os animais que aparecem em cenas de lutas foram inseridos digitalmente. Trata-se de uma grata surpresa, que, no momento em que escrevo estas linhas, configura-se como o melhor filme contemporâneo visto em 2022.

Dias bons e dias maus, há sempre um qualquer assim.

O mundo muito carece de poesia para ser pleno Sem poesia falta-lhe maravilha Se esta não existisse, tanto mais dela se carecia, temo Faltar-lhe-ia sonoridade, perdia a alegria Tão triste é um mundo sem poesia Sem luz, sem cor, ou sem música Sem música a vida não canta Não encanta, sabuja Porém cuidado: Aquilo que […]